a máquina
pegar numa máquina de retratos leva-nos para uma realidade diferente. a da objectiva. a da ocular. a do mundo visto por um outro ângulo. geralmente é um mundo mais bonito.
as máquinas transformam a realidade.
mesmo uma fotografia que retrata uma realidade extremamente triste, consegue ser uma fotografia bela. muitas vezes as mais belas.
será que a tristeza é bonita?
que nos faz crescer, não há dúvida alguma... mas daí a ser bonita...
por outro lado, a alegria nem sempre é bela.
a espera pelo momento certo. pela pista. pelo sonho. pelo sorriso. pelo choro. pelo grito.
a espera é talvez o mais importante para uma fotografia. e para a vida. aprender a esperar. aprender a ser paciente. aprender a mudar de opinião. aprender a encontrar. aprender a continuar a esperar.
às vezes a espera demora mais do que aquilo que esperámos. às vezes ela traz-nos coisas surpreendentes. às vezes ela não nos traz nada. mas continuamos a esperar. a esperar para disparar. para fotografar a nossa vida.
às vezes ficamos, cobardes, à espera de tudo. à espera que o mundo continue a girar, à espera que a vida corra, à espera que os outros venham ter connosco, à espera que tudo passe.
às vezes precisamos levantarmo-nos e procurar outro ângulo, outra máquina, outra objectiva, outro rolo, outra luz. às vezes a espera só prolonga o que não é.
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